Grandes corretoras compartilham desafios tecnológicos e de inovação durante o Insurtech Brasil 2024
Gustavo Zobaran realiza mediação de debate entre executivos da Aon e Marsh McLennan durante o Insurtech Brasil 2024
Valdir Suzano Filho, Business Strategy Director da Aon, e Diogo Machado, COO Affinity Latin América da Marsh McLennan, debateram “Os Desafios Tecnológicos e de Inovação dos Grande Corretores” durante o Insurtech Brasil 2024. O momento contou com mediação de Gustavo Zobaran, autor da obra “Hackeando o Modus Operandi“.
Impacto dos sistemas legados
Durante o encontro inédito entre os grandes brokers do setor de seguros, os executivos compartilharam suas trajetórias e visões de mercado. “Temos um sistema de legado muito grande, como uma companhia centenária e global de seguros. Operamos em 130 países, com 1200 sistemas no mundo inteiro e nosso parque legado é muito grande e complexo de ser mantido. O desafio é manter a inovação e acelerar a transformação diante desse cenário. É preciso transformar tudo com a roda girando e considerar todos os níveis hierárquicos ao adotar a inovação”, disse Diogo Machado ao comparar os diferentes níveis de maturidade em relação à cultura da inovação nas companhias seguradoras.
Diogo ainda abordou as transformações climáticas, com a exposição do território brasileiro a maior incidência de eventos climáticos extremos.
Valdir complementou, demonstrando a importância de conciliar a visão de todos os integrantes de uma empresas ao adotar a inovação. “Temos evoluído muito nesse sentido. Quando analisamos, por exemplo, o que ocorreu em maio no Rio Grande do Sul, ficou evidenciado que precisamos responder rápido ao nosso cliente. Quando você consegue ter uma boa camada de integração na hora do sinistro você consegue prestar um serviço ainda melhor ao consumidor. Além disso, temos analisado como acelerar as automações complexas através de ferramentas low-code, tendo a Microsoft como uma de nossas grandes parceiras. Todavia, também destaco a questão cultural, temos uma preocupação muito grande sobre o que essa cultura representa para nós e nosso DNA possui fundamentalmente a colaboração, inclusive com o mercado”, afirmou.
Proximidade com o cliente é fundamental
Na visão de Diogo Machado, a proximidade junto ao consumidor é fundamental, independente do tamanho da operação, a fim de compreender suas necessidades de risco. “Quando analisamos uma Pessoa Jurídica, para colocar o Seguro Cibernético, por exemplo, é preciso ter uma consultoria diante deste cliente, o que evidencia papel consultivo do broker”, ponderou.
Valdir Suzano Filho demonstrou que os corretores de seguros contam com um oceano de dados e informações, por trabalharem com diversos tipos de seguradoras e clientes. “A questão sobre o cliente ser da seguradora ou do corretor passa muito pela sensibilidade de dados por parte do broker. As seguradoras são grandes parceiras e desejamos que o consumidor perceba nosso valor nessa cadeia”, comentou.
Experiência do cliente
Quando questionados sobre a experiência do cliente final, os especialistas demonstraram como a tecnologia tem sido utilizada dentro do ecossistema. “A experiência do cliente é fundamental e o papel do broker vem para complementar toda essa visão sobre essa percepção. Contamos, por exemplo, com seguros intermitentes e embedados (incorporados). Nesse sentido, o corretor faz toda diferença para o impacto ao cliente na ponta. Fazemos um trabalho junto ao cliente para complementar a experiência deste consumidor”, evidenciou o COO Affinity Latin América da Marsh McLennan.
No caso da Aon, os canais digitais têm sido muito relevantes nos processos de aberturas de sinistros, serviços especiais em eventos que demandam de assessoria jurídica, por exemplo, além de toda uma jornada de gestão do ciclo de e-mails. “Temos investido muito em inteligência dentro de casa, a fim de proporcionar respostas cada vez mais rápidas aos nossos clientes”. “Os dados são nosso ativo mais líquido, pois contamos com uma gama de informações muito relevantes. Nossas preocupações estão voltadas à comissão, custos e despesas, tendo uma preocupação de não crescer nossas despesas acima de nosso crescimento econômico. Recentemente, através do uso da automação, organizamos os nossos dados com PowerBI e SharePoint List para tomar algumas decisões de alocar pessoal e otimizar alguns custos, pois eram operações pulverizadas dentro das áreas. Essa medida permitiu uma melhor observação, automatizando a nossa cadeia de valor e possibilitando uma visão completa sobre atividades de sinistro, broker e facilities”, citou o Business Strategy Director da Aon.
Insurtechs são parceiras dos brokers de seguros
Diogo Machado analisou que o cenário das insurtechs é complementar às operações dos brokers de seguros. “Contamos com uma parceira de low-code para gestão de sinistro e colocação de risco. No final do ano passado, por exemplo, adquirimos a insurtech Mezos no exterior. Neste sentido, observamos que este é um mercado muito complementar. No mundo de affinity, o corretor concorre com as insurtechs e com as próprias seguradoras em algumas vezes. Mas contamos com muitos dados para validar as informações junto às insurtechs”, comparou o executivo.
Importância de considerar questões locais
“A gente tem tido uma jornada de mais acertos que erros. A gente senta, retoma e faz acontecer. Mas, tivemos uma mudança estratégica de não resolver mais soluções complexas através de soluções proprietárias dentro de casa. É preciso olhar para o mundo lá fora, uma reflexão muito convidativa, especialmente em relação às soluções as a service. Essa também é uma questão para as seguradoras”, exemplificou Valdir. “Quando nossas ideias nascem, trabalhamos de maneira hipotética, para validar se elas fazem sentido ou não. Uma hipótese, a partir do momento que ela faz sentido, ela se torna um insight a ser implementado”, completou ao evidenciar que os novos produtos e soluções da companhia passam exatamente por essa jornada para tomada de decisão e melhores investimentos.
Para Digo Machado, faz-se necessário conhecer a maturidade cliente em cada localidade onde uma empresa atua. “Tentar colocar um sistema que funcione para todos os países começa a esbarrar em regulação, na cultura do cliente e questões como middle manager, por exemplo”. “Temos influenciado o cliente para que ele olhe para questões como blockchain, monitoramento da cadeia de suprimentos e internet das coisas. Além disso, temos utilizado drones nos Seguros Paramétricos a fim de uma rápida efetivação do pagamento de sinistros, sempre levando em consideração a gestão de riscos, medidas mitigadoras e voltadas ao ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa) por parte dos clientes”, finalizou.
A 7ª edição do Insurtech Brasil conta com apoio da TransUnion, Vindi, CSD BR, Sompo Seguros, .add, Guy Carpenter, FF Seguros, Conversu, Lina, Sensedia, Split Risk, Lefosse, Alper, Evertec + Sinqia, 180 Seguros, Guru Spoc, Pier, Suthub, Guidewire, Capgemini, Poupz, Izzidata e Smash Gift Cards.