Os primeiros impactos vão ser sentidos a partir de 2024, mostra pesquisa da Capgemini
Um estudo recente da consultoria Capgemini ouviu 61 executivos do mercado segurador brasileiro a fim de saber suas opiniões sobre os impactos do Open Insurance no Brasil. A pesquisa mostrou que a maioria concorda sobre uma transformação profunda do setor a partir de 2024. O levantamento norteou o debate no painel “Open Insurance como ponto de partida para inovação em seguros”, que aconteceu no Insurtech Brasil, evento que reuniu players do mercado segurador nesta terça-feira, 21, em São Paulo.
Gustavo Leança, líder de soluções para seguros da Capgemini mediou o encontro, que também teve a participação de Rodrigo Ventura, fundador da 88i Seguradora Digital, e Raquel Gaudêncio, Superintendente Executiva da Brasilseg, empresa da BB Seguros.
O líder de seguros da Capgemini revelou que a maioria dos entrevistados concordaram sobre os segmentos que mais sentirão os efeitos desse fenômeno. “As carteiras de Vida, Auto e Massificados vão ser os ramos mais impactados pelo Open Insurance, segundo a maioria dos executivos”. Além disso, o estudo também mostrou que, incialmente, os clientes vão ser pessoas físicas e as micros e pequenas empresas. “São hoje players participantes do mercado que têm menor poder de barganha entre as seguradoras”, destacou Gustavo.
O cliente no centro dos negócios é um dos pilares para o avanço desse fenômeno no Brasil. Por meio do cruzamento de informações entre as empresas do setor, o segurado será responsável por escolher qual proteção se encaixa com o seu perfil.
Segundo Raquel Gaudêncio, isso representa a terceira fase na linha do tempo do relacionamento entre companhias e clientes. “Inicialmente, as seguradoras adotavam o modelo de transferência de risco. Em seguida, o setor evoluiu para mitigação de riscos, na tentativa de minimizar as suas gravidades. Agora, há um incentivo de mudança comportamental dos clientes, e o Open Insurance vem na cola desse terceiro movimento, porque traz uma possibilidade de padronização para o cliente comparar os produtos e decidir qual tem mais a ver com o seu consumo”, explicou.
Assim como o Open Banking, o sistema de seguros abertos é implementado por fases no país. Em dezembro de 2021, deu-se início à primeira etapa, e a expectativa é que a segunda comece em 1º de setembro de 2022. Já a terceira, e última, tem previsão de início em dezembro deste ano.
Um mar azul
Na contramão de diversos setores de produção econômica, o mercado segurador cresce dois dígitos anualmente. No entanto, a penetração desse segmento continua baixa. O seguro de vida, por exemplo, chegou em apenas 15% dos brasileiros. Já o seguro auto, considerado o mais popular do país, atingiu 30% da frota de veículos em 2022.
Com o Open Insurance, a expectativa é ampliar o acesso e a cultura do consumidor. Rodrigo Ventura lembra que a Superintendência de Seguros Privados (Susep) projeta dobrar o tamanho da participação do mercado no PIB nacional, que atualmente é de 3,7%. “Para fazer isso, estamos indo para o caminho digital, acessando uma população com menor poder aquisitivo”, destacou.
O fundador da 88i alertou que existem produtos pouco flexíveis no mercado, prejudicando o seu desenvolvimento nas camadas de baixa renda. Segundo ele, a capacidade de comparação de dados, um dos pilares do Open Insurance, é pouco quisto por algumas seguradoras. “Existe o medo do rouba monte entre as companhias. Porém, as insurtechs ignoram essa mentalidade e se preocupam somente com 80% das pessoas que nunca tiveram acesso ao seguro na vida”.
O executivo reforçou que seguradoras e insurtechs devem unir forças levando ao consumidor contratos com período de vigência flexíveis, seguros intermitentes, soluções que permitam o trabalho de co-seguros, “além de levar soluções mais inclusivas”, concluiu.