Dois sistemas fundamentais para o mercado foram debatidos por especialistas do tema. O painel “Open Finance e Insurance: Lições Aprendidas e Desafios para o Futuro” recebeu contribuições de Rogério Melfi, gerente de Open Finance da Tecban, Guilherme Haraguchi, superintendente da Bradesco Seguros, e Karini Madeira, superintendente de Acompanhamento Técnico da CNSeg, sob a mediação de Gustavo Leança, head of Solutions for Insurance da Capgemini.
Leança fez uma rápida retrospectiva de implantação do Open Finance e Open Insurance, contextualizando os sistemas no tempo. “Inicialmente foram duas operações apartadas. No final de 2023, teve início a fase de interoperabilidade”, comentou. O mediador abriu aos palestrantes comentários sobre a evolução do OF (ou Open Banking). Afinal, o sistema está mais maduro?
“É um ambiente interoperável”, concorda Haraguchi. Ele revela que o desafio da Bradesco Seguros e outras instituições é colocar o usuário no centro das decisões. “É preciso receber a confiança do consumidor para compartilhamento dos dados”, afirmou. Haraguchi recomenda que se ouça e atenda as demandas dos segurados e a cadeia da distribuição. No caso do segurado, o executivo menciona três aspectos neste cenário: conhecer perfil do segurado para se ofertar o melhor produto, detectar os “gatilhos” sobre os momentos mais importantes da vida do cliente, como o nascimento de um filho, por exemplo, e a doção correta da subscrição do risco.
Na ótica de Melfi, o Open Finance começa agora. Até então, no período da pandemia da covid-19, movimentar o crédito tornava-se um “desafio”. Mas, na fase pós-pandemia, o processo de bancarização foi crescente. Em resumo, foi preciso esperar cerca de três anos para que o OF surgisse no mercado, que finalmente está incluído na jornada do usuário.
“Estamos discutindo, de fato, a interoperabilidade e como será estabelecido o fórum de deliberação conjunta entre os dois sistemas. Começamos em dezembro esse diálogo e o Open Insurance trouxe uma premissa importante quanto ao prazo. Antes de interoperar, é necessário operar”, pondera Karini Madeira, lembrando que não existe por enquanto o primeiro compartilhamento do OI. É fundamental terminar a fase 2 do sistema. Para a superintendente, concluindo essa etapa (compartilhamento das informações), deve-se iniciar a seguinte – o compartilhamento de serviços.
Time qualificado
Leança enfatizou também a importância da transmissão e refinamento dos dados. “Temos de minerar os dados e transformá-los em “combustível”. A ação envolve avaliar a renda dos clientes que exige novos comportamentos. Num contexto mais amplo, é imprescindível estar no dia a dia do cliente. Para isso, a tecnologia revela-se uma preciosa arma na condução da jornada do cliente.
“Inteligência artificial, analytics e big data são alguns dos benefícios para o cliente final”, acrescenta Haraguchi, da Bradesco Seguros. No entanto, tais mecanismos devem ser operados por um time capacitado tecnologicamente. “O mercado busca parceiros e pessoas qualificadas que entendam da tecnologia da informação”, adverte. O conhecimento perpassa pela identificação precisa dos dados e aplicação do design inclusive. O executivo reitera: “É preciso se colocar no lugar do usuário”.
“Haraguchi trouxe o lado humano. O talento é fundamental”, apontou o moderador do painel. Melfi considera que o corretor precisa estar igualmente próximo dessas ferramentas e ser consultor, observar comportamento do segurado. Em sua visão, é uma oportunidade para compor uma oferta para ao cliente. “O mercado de seguros tem potencial enorme de crescimento. É espécie de fermento”, ressaltou o gerente da Tecban.
Na ótica de Leança, há uma série demandas que exige equipe e produtos qualificados, podendo até gerar concorrência regulatória nas empresas. “Essa concorrência existe?”, indaga o mediador. Karini responde: “Essa concorrência não é exclusividade do Open Insurance. As fases de OI concorrem entre si, se interligam, mas se não existe equipe, perde-se o foco. Não se trata de ineficiência dos participantes. As empresas devem respeitar um padrão ao que deve ser feito e os prazos mantidos pelo órgão regulador. E precisamos dele para entender os desafios”. Segundo a executiva da CNseg, ao final, o cliente terá benefícios, na medida em que é convencido a utilizar o OI. “O diálogo entre os elos da cadeia é importante, sobretudo com o órgão regulador”, emenda Karini.