Como manter uma relação sólida e promissora entre resseguro e insurtech
Uma operação que permite a transferência do risco foi a inspiração para um painel no Insurtech Brasil 2023. Sob o título “Resseguros: Suporte e Ferramenta para Alavancar a Inovação e a Oferta de Novos Produtos”, o painel foi moderado por Hamilton Martins, da Hannover Re, e reuniu Pedro Farme, CEO da Guy Carpenter, Richard Vinhosa, CEO da EZZE Seguros, e Renato Farias, COO & cofundador da Azos.
“O resseguro ajuda a fomentar e desenvolver as operações e possui expertise em muitas linhas de negócio”, conceituou Martins. Farme concorda com o mediador e pondera que o resseguro traz a alavancagem necessária para as insurtechs. Dispõe de um capital rico e resiliente graças à ação de investidores. Segundo ele, o mercado ressegurador indeniza cerca de US$ 200 bilhões por ano e propicia à seguradora entrante (insurtech) competir no ambiente em pé de igualdade no mercado.
“Os benefícios da relação resseguro e seguradora são visíveis. É uma relação sólida, de ganha-ganha. Temos resseguradores para momentos distintos e situações distintas”, comenta o CEO da Guy Carpenter. No panorama do resseguro, na visão de Farme, as estatísticas mostram um ciclo rápido no mercado global. “É um cenário de restrição de liquidez. O sistema depende de capital alocado em títulos públicos. A aceitação do risco, com juros altos, torna o preço mais alto”, explica o executivo. Mesmo sem entrada de capital, o player precisará pagar as indenizações. “Sai fortalecido quem for resiliente”, conclui.
Vinhosa, por sua vez, classificou o resseguro em três categorias: os que oferecem produtos de baixo risco, os produtos com acesso a danos e aqueles de grande risco, os facultativos. E admite: “o resseguro alavanca bastante o papel das seguradoras”. O CEO da EZZE também reafirma a relação de ganha-ganha em todo o processo. Neste contexto, todo o conhecimento do cliente reside na atuação do corretor e nos agentes que interagem com ele. O profissional deve angariar a confiança do segurado.
Na avaliação de Vinhosa, é imprescindível que haja o fomento da cultura do seguro no país, que detém 6% do PIB, enquanto em outros países esse índice chega a 20%. “A renda é o maior problema para o cidadão contratar o seguro”, considera o executivo. Essa constatação é verificada nos chamados produtos populares. O seguro auto, por exemplo, subiu em até 60% o valor do prêmio. “Esse jogo de preços acontece de forma natural. A tecnologia das insurtechs deve amenizar esse quadro”, acredita.
Grande potencial de atuação
Um dos representantes das startups em seguros, Renato Farias garante que os produtos da Azos são “inovadores”. E informa: “Temos atuários dentro da empresa para construir produtos e distribui-los com a marca da Azos. Na maior parte do risco são garantidos por resseguradoras, que, assim, viabilizam o nosso projeto”. Segundo Farias, os resseguradores veem as insurtechs com grande potencial de atuação.
O COO da empresa ressalta a existência dos “riscos em nicho” e que não são compartilhados pelo mercado tradicional. No mercado atual do seguro de vida, segundo ele, 3% do total dos prêmios é ressegurado. “É muito pouco”, queixa-se. No caso da Azos, a insurtech começou do ‘zero’ e trouxe um ressegurador como parceiro. Para que o relacionamento com o parceiro seja bem-sucedido, Farias recomenda: “Você tem de desenhar um modelo onde todas as peças se encaixam e todos ganhem dinheiro”.