Executivos preveem Susep incentivando inovação e Insurtechs valorizadas nos próximos anos
Debate sobre o futuro do mercado segurador permeou um dos últimos painéis do Insurtech Brasil 2023
Veículos autônomos, crescimento do seguro auto frota, uso inteligente de dados e Insurtechs mais valorizadas são algumas das mudanças que especialistas preveem para os próximos anos no mercado segurador. O painel “Insurtech 2030: quais as tendências de futuro que irão trazer mudanças relevantes para o mercado de seguros”, promovido pelo Insurtech Brasil 2023, reuniu representantes de organizações inovadoras. O evento aconteceu nesta terça-feira, 6, em São Paulo.
Em painel mediado por Henrique Volpi, CEO e fundador da Kakau, o fundador da Brick Seguros, Vinicius Schroeder, analisou que a indústria de seguros opera abaixo do seu potencial. Nesse sentido, é necessário, segundo ele, “reduzir a ineficiência de distribuição, aumentar o volume de dados e colocar mais inteligência na subscrição”.
Olhando para 2030, o executivo espera que a Superintendência de Seguros Privados (Susep) seja uma incentivadora de inovação e que as Inusrtechs ganhem mais espaço e relevância. “Essas mudanças serão essenciais para a transformação do mercado”, observou Schroeder.
Quem também participou do tema foi Thiago Amorim, Risks and Insurance do Ifood. O executivo vê uma evolução na indústria seguradora, mas confessou que ainda enxerga alguns desafios no setor. “Não existe a possibilidade de uma empresa ter muitos clientes e conseguir escalar seu negócio sem o uso da tecnologia. No mercado segurador ainda sinto essa dificuldade: os colegas começam dizendo ‘não’ para depois entender o negócio”.
Quando chegou no Ifood, Amorim teve a responsabilidade de criar o Seguro de Acidentes Pessoais da empresa e de procurar uma seguradora que pudesse aceitar a transferência de risco. “Em dois meses recebi muitas respostas negativas”, lembrou. Em seguida, o executivo passou uma temporada fora do país e voltou com a proposta pronta.
Novo mercado, novos riscos
Se a distribuição e os produtos vão mudar, os riscos também estarão nessa esteira. Na análise do fundador da Brick Seguros, os riscos estão cada vez mais dinâmicos. “O futuro pertence às seguradoras que tiverem a capacidade de se adaptarem. Isso está muito relacionado à tecnologia e a dados. Como consigo acessar dados em tempo real e oferecer na ponta uma oferta de seguros personalizada, adaptada para esses novos cenários e contextos?”, provocou o executivo.
Schroeder usou o exemplo dos carros autônomos, que em pouco tempo, segundo ele, será realidade no mundo inteiro. “Praticamente 100% da frota mundial será autônoma”, projetou. Nesse caso, se hoje a natureza do risco está mais voltada ao perfil do condutor, como adaptar essa nova realidade sem a interferência do motorista? “As seguradoras que vão conseguir aproveitar ao máximo a oportunidade são aquelas que têm capacidade de traduzir os dados de produtos de seguro”, complementou.