Dados precisos e confiáveis preveem sinistros e combatem fraudes
Ativo valioso nas empresas, a informação qualificada é arma poderosa contra ações criminosas
Sob a mediação de Hamilton Torres Martins, superintendente-executivo da Hannover, Igor Mascarenhas, co-founder & CEO Pier, e Vitor Ozaki, diretor Picsel & Agrimutual, debateram sobre “Subscrição do Futuro: Novas Tecnologias para Revolucionar Seguros”, o penúltimo painel da sala 2. De que maneira as soluções tecnológicas podem contribuir para a eficácia de uma das áreas mais sensíveis de uma seguradora, como a subscrição?
“Somos inovadores na distribuição de produtos. Discutimos muito a subscrição e os sinistros. Afinal, nós somos a primeira seguradora do mundo a pagar sinistros instantâneos”, afirmou Igor Mascarenhas. A informação é um dos pontos fortes da Pier, ao permitir uma tomada de decisões mais consistente. Além disso, é possível entender o cliente. Como explica o executivo, a insurtech tem acesso aos comportamentos dos usuários com base nos seus dados e também em possíveis ocorrências de fraude. “Usuário com avaliações ruins são tidos como suspeitos”, aponta Mascarenhas. “Igor trouxe aspectos importantes na captura de dados. Neste caso deve-se criar métricas e estabelecer melhor o modelo de avaliação do risco”, ponderou Hamilton Martins.
Em seguida, Ozaki explicou como a sua empresa trabalha com o seguro agrícola. “Cuidamos do ser vivo, a planta. O seguro cobre a produtividade da planta e não a sua vida”, esclarece. A empresa avalia fatores como o clima e o solo. Por meio deles, a Picsel captura dados para subscrição e análise de risco. “Utilizamos IA e satélite para monitorar estas análises. Fazemos a cotação, precificando de forma individual o produto em três minutos. Normalmente, o mercado leva 15 dias para precificar”, ressaltou. Ozaki lembrou o papel estratégico do underwriting, uma ação fundamental para as companhias.
Prevenção à fraude é fundamental
Mascarenhas ressaltou a qualidade da coleta de dados exponenciais em relação ao seguro. E citou, como exemplo, informações sobre a performance de veículos, de acordo com o modelo. “Fraudes impactam 100% dos clientes”, advertiu. O executivo explica o modus operandi no caso dos motoristas de aplicativo: “Avaliamos o seu desempenho para avaliar o nível dos riscos. Fazemos vistoria pelo celular. Até porque algumas vistorias em oficinas são propensas à fraude”, ressaltou. Segundo ele, dados novos permitem igualmente novas análises. A qualidade na apuração é imprescindível. O CEO da Pier esclarece que os dados da startup são confiáveis e as análises, mais assertivas e preços, melhores.
“Geralmente nos preocupamos mais com a fraude no momento do sinistro. É preciso utilizar os dados diferentes da forma usual para se detectar a suspeita de fraude. Inverter a ordem das coisas”, propõe o mediador Martins. Mascarenhas acrescenta: “Você deve efetuar um processo preditivo em relação a isso. Desenvolver expertises de prevenção à fraude”. Os especialistas defendem a ação enérgica das empresas para prevenir a ação ilícita por meios eletrônicos.
No setor agrícola, a prevenção à fraude adquire uma dimensão muito grande em virtude da estatística: segundo Ozaki, o agronegócio é responsável por 24% do PIB. Embora o mercado trabalha com dados municipais, a Picsel produz seus próprios dados, do plantio à colheita. A empresa simula situações e cria produtos aos agricultores. Tudo em um esquema rígido de proteção. “Saímos da precificação do preço médio e medimos cada um com lupa individual. Fazemos produtos bons e criamos processo de subscrição adequados”, garante Ozaki.
Apesar do perigo das fraudes, o CEO da Pier é otimista: “Eu vejo o mundo com muita informação de qualidade, com internet mais rápida, 5G. Caminhamos no rumo da prevenção de sinistros e fraudes. E como usar a informação para mudar o risco de exposição à carteira? Com dados confiáveis, é possível ajudar o usuário a correr menos riscos”, recomenda. Em sua área específica, Ozaki aposta na subscrição do seguro paramétrico em médio prazo, em que os empresários rurais poderão acoplar índices de produtividade a perdas agrícolas. “No Brasil, este seguro está muito incipiente. O desafio é escalar o produto não só para o café, cujas aplicações foram bem-sucedidas no Paraná, como para as demais culturas em todo o país”, finaliza.